Dia destes novamente a ví.
Desta vez, à água se dedicava.
Tinha descido de seu habitat natural,
E após se refrescar em doce fonte de água pura e cristalina,
Não conseguia mais voltar para casa.
E ignorando o perigo iminente,
Enrolada em si mesma estava,
A espreitar os transeuntes,
Locais e forasteiros.
Na esperança, de algum,
Consolo, receber;
Algo que a fizesse reviver,
Pois, parecia já não almejar,
Outra coisa, senão, perecer.
Triste cena,
Que quando vi,
Apeado de meu cavalo azul,
Cansado da subida galopante;
Em duas rodas,
Sob um sol de meio-dia,
A um almoço,
Em prol dos bichos abandonados,
Me dirigia.
Sim, é verdade que um pouco,
De novo me assustei,
Mas quando vi que ela,
De tão assustada,
Parecia dormir;
Em estranha letargia,
Suspirando de agonia,
Sem saber direito para onde ir,
Ou como voltar;
Pois para isto,
Um grande barranco,
Tinha que subir, escalar,
Conquistar.
E sem forças para tal,
Investida,
Ficou lá largada,
Na beira da calçada,
Que não existia.
Só o perigo a circundava,
E, quase de frente ao Cemitério,
Um risco de acidente fatal,
Era grande e iminente.
Parei e a fitei;
Vontade de lhe ajudar, tive;
Autorização para isto, não;
Segui meu caminho.
Talvez na volta,
Pudesse eu a ela,
Um pouco me dedicar,
Me diziam, intuiam.
Ao almoço cheguei, extenuado,
Suado, mas de bem com a Vida e a Balança;
Almocei e generoso, com o bichos,
Homenageados, fui.
Bastante conversei sobre os problemas,
Mal resolvidos do passado,
Com doce amiga,
Que almoçou ao meu lado.
Falei-lhe que as coisas fáceis,
Fáceis são para se resolver,
Mas que as difíceis,
Estas sim, dão-nos o que fazer!
Prá tudo analisar, compreender,
E aceitar,
Os desígnios de Deus,
Em nosso caminho,
Em nosso Destino,
Implantar.
E que só assim,
Aceitando,
E implantando,
É que se vislumbra
O que de correto,
Deve-se fazer,
Em cada passo do caminho.
Bem, à volta, no mesmo caminho,
Perto do Cemitério,
Ela estava.
Ainda enrolada em si mesma,
Permanecia,
E seu tempo de vida,
Naturalmente,
Se esvaia.
De novo próximo a ela parei;
Lhe fitei tentando achar um jeito,
Uma maneira de lhe ajudar,
A sair daquele lugar.
Que tinha coisas boas,
Nobres e puras;
Sim, também havia sombra por lá:
Da copa dos pinheiros,
Ela emanava,
E já não era ruim,
Apenas refrescava e alertava;
Sobre o perigo iminente,
A nos rodear.
Isto mesmo:
A nos rodear.
Pois, eu também em seu perigo,
Me envolvi,
Ao decidir, parar com meu caminho de retorno ao lar,
Apenas para poder tentar lhe ajudar,
Ao seu,
Também regressar.
Nisto peguei um pequeno galho de árvore caído ao chão,
Tentei com ele lhe tocar,
Ela toda se estremeceu,
E seu bote,
Ao mesmo tempo de defesa e ataque,
Armou.
Mas não atacou por completo:
Assim como eu,
Recuou.
Larguei aquele pequeno galho de árvore,
E com outro maior e mais delgado, me vi;
Assim pude,
Ao mesmo tempo,
Me defender,
E lhe ajudar,
Ao seu real destino,
Continuar a trilhar.
Com o auxílio deste galho comprido,
Consegui lhe suspender;
No alto,
Toda ela se esticou,
Com quase dois metros ficou,
Mas, medo não mais senti.
Ela também não,
Pois, seu bote,
Também não mais,
Armou.
Na primeira tentativa,
De lhe reconduzir ao seu lar,
Acima do barranco
E da cerca de arame farpado,
Não consegui.
Pois, não queria ter que
Lhe jogar de qualquer jeito,
E em qualquer lugar,
Vê-la cair.
Não, não é assim que tem que ser!
É com Amor, mesmo na despedida,
Que devo proceder.
E assim, na segunda tentativa,
Posicionei-me melhor.
E consegui fazer sua transposição,
Para seu real destino.
Acima da cerca de arame farpado,
Lhe conduzi,
E, com carinho,
Embora um pouco apreensivo,
Sob um monte de espinhos de pinheiros,
Lhe depositei.
É certo que talvez tenha lhe doído um pouco,
Ou talvez muito,
Muito mesmo.
Eu mesmo bem o sei o quanto dói
Separar-se de alguém que sempre lhe foi tão cara,
Tão nobre, tão doce, tão generosa
E tão bela.
Mas, foi melhor assim,
Senão, como diria o Tatit:
"
...Desintegrados, seríamos nada em conjunto...",
Pois, longe das bençãos de Deus,
Não se pode realmente ser feliz.
Melhor mesmo é aceitar Suas determinações,
Sejam elas quais forem,
Mesmo que seja,
Liberar um grande Amor do passado,
Ainda presente,
Deixando um enorme vazio,
Dentro de si.
Mas nem tudo são tristezas nesta estória:
Ao agir assim,
Adquire-se a chance de uma nova expectativa,
Uma nova perspectiva;
De realmente conseguir,
Preencher este vazio,
Gerado,
Com um novo presente.
Que também fez parte de um passado,
Também distante,
Só que no presente,
Mais recente.
E assim, poderemos novamente,
A vida multiplicar,
Cada um em seu lugar-destino,
Que Deus os colocou.
Para que com outros,
Nesta vida,
Possamos compartilhar,
Um pouco do Grande Amor,
Que em nós,
Sempre existiu.
Att.,
Wanderley Marcos do Nascimento
Em CTA-C.S.F., 25/02/2012 - Sáb., às ~03:41 a.m. - Redação Inicial;
Em CTA-C.S.F., 25/02/2012 - Sáb., às ~07:21 a.m. - Revisão e Complementos/Alterações.
* Texto escrito após refletir, ponderar e unir duas situações vivenciadas por mim, recentemente: a primeira delas refere-se a um almoço beneficente em prol de um abrigo de animais abandonados, realizados em 17/12/2011 - Sáb., próximo ao Parque Barigui, aqui em Curitiba - PR, ao qual dirigi-me e retornei de Bicicleta, passando por uma estrada cheia de curvas em que existe um Cemitério; a segunda, um sonho que tive na madrugada de 23/02/2012 - 5ª F., envolvendo um ex-Amor interestadual, e outro, local;
** Ao final da redação do texto e do comentário acima, deparei-me sob o monitor do computador em que este texto ora digito, com outro presente, recebido durante a comemoração de um Aniversário de um ilustre morador de meu Ser interior, Bhagavan Sri Sathya Sai Baba, do qual sou humilde devoto: trata-se de um pequeno pacote contendo Sua cinza sagrada, o Vibhuti e um texto que a acompanhava:
"A cinza que eu materializo é uma manifestação da divindade. Simbolizando a natureza cósmica, imortal e infinita de todas as forças de Deus. Vibhuti é um aviso para que vocês abandonem os desejos, as paixões e as tentações e tornem-se puros em palavras, pensamentos e ações. O Vibhuti tem o poder de curar, proteger e aumentar o esplendor espiritual do ser."
Sathya Sai Baba.